quarta-feira, 6 de junho de 2012

A DISTORÇÃO DO AMOR DA DUALIDADE [parte 2]

Return of Pure Love Pure Light Painting - Jill Spear 

O Amor maior, como sendo a força de coesão da criação e o que existe de mais poderoso, aqui na densidade se encontra sufocado por equivalência, e é sentido como uma ameça à individualidade de cada pequeno "eu". 

Percebo as vezes meu ego apavorado com o vislumbre do Amor maior. Ele recua e diz "seu amar tudo, vou perder o critério, a referência das coisas...". Ele sente que se entregar ao amor absoluto significa se perder - o que é uma verdade - e por associar o amor à dor, provoca uma resistência (natural). Uma onda de amor, que livre é sentida como êxtase, se represada é sentida como angústia ou euforia ansiosa.

A compreensão que chega agora sobre a realidade do amor - através de textos, conversas e insights - está ajudando a quebrar as resistências. Como neste diálogo tirado do livro O Mago De Strovolos, que tornou mais nítida a diferença entre amor absoluto e o amor projetado:

- Imagine que neste exato momento, o ser amado perca seu corpo e você fique privado de sua companhia [...] Você pode amar além da forma?
- Sim
- Então porque não focaliza sua atenção lá? Porque precisa da forma?
- Porque a forma é linda.
- Eu não disse que não é linda, ela é imperfeita. [...] Abandone a imagem. Pare de estar enamorado pelo corpo material. Desdobre-se dentro do amor. Quando eu lhe mostrar aqueles a quem você ama dentro do Amor, você não se importará se eles tem corpos materiais ou não.

Nós impedimos que o Amor flua livre quando o colocamos em moldes (físicos, mentais, emocionais), aí ficamos dependente desses moldes. Essa dependência traz a dor. A idealização e a projeção do Amor é a origem do apego. Amar além da forma significa amar absolutamente, amar o todo - inclusive na forma.

Quando alguém fala "eu amo X, mas não posso ter X, portanto é ruim amar X", há essa distorção. O não ter gera a experiência da falta, sendo que a necessidade do "ter" vem da percepção de estarmos separados de algo, quando na verdade somos tudo (incluindo o X). Neste raciocínio, amar não é o problema.

A dor da falta - que surge projetada em algo ou na forma de uma saudade incialmente abstrata - é a ilusão da separatividade a ser transmutada e liberada. Me foi dito: "Quando sentir a dor da falta, não tenha medo, respire nela, atravesse-a, e verá essa dor ser diluída no Amor que há por trás". É um exercício duro, porque tudo o que sempre fizemos foi tentar abafar essa dor. Há o risco de, ao aceitá-la, nos depararmos com um vazio. Indo além do vazio, no entanto, encontramos a plenitude.

No novo testamento Cristo diz: "A todo aquele que abandonar pai e mãe e filhos por minha causa eu darei cem vezes isso, e pai e mãe e filhos." O que me vem é: abrir mão do amor na forma e se entregar ao Cristo/Consciência crística, que é o amor absoluto. E isso não quer dizer abrir mão dos amados, mas amá-los desse outro ponto, a Unidade. 

Da entrega plena ao Absoluto, o que me vem são apenas vislumbres. Mas ela me parece cada vez mais realizável. A medida que relembramos nossa natureza divina, que a nossa Realidade é o Amor, e que a vivência desse Amor irá nos arremessar para fora da ilusão.

Que a consciência crística presente em nós possa se expandir e nos tomar por completo! NAMASTE! 

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